segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

COMO AS FRATURAS SÃO CONSERTADAS?

Se você enfrenta problemas com o motor do carro, você o leva ao mecânico. Caso o problema seja o encanamento, você chama o encanador. E se você fratura uma perna, a ação natural é visitar um médico. Mas ao contrário de outras coisas que podem ser quebradas na vida, os ossos começam por conta própria o seu conserto antes mesmo de você chegar à sala de espera.

O corpo humano possui uma espantosa capacidade de se auto-consertar, que permite que ele se recupere de uma série de doenças e lesões. Ocasionalmente, as fraturas podem ser consertadas de maneira tão perfeita que, em poucos meses, nem mesmo um raio-x é capaz de detectar a linha original da fratura.
Os médicos muitas vezes desempenham papel vital no processo de cura dos ossos, mas o que esses especialistas fazem é basicamente ajudar no processo natural de cura, oferecendo condições para o conserto e a recuperação desses ossos. O resto do trabalho cabe às células do paciente.
Mas como funciona esse notável processo biológico? Como pode um membro fraturado recuperar a força que tinha originalmente? Para compreender, primeiramente é preciso observar mais de perto do que são feitos os ossos.
            

             Tipos de fraturas




Quando se trata de ossos quebrados, a lesão mais simples que se pode esperar é a fratura simples ou fechada, sem desvio do osso ou perfuração da pele. Como o nome indica, o osso se quebra de maneira simples, em um lugar apenas, sem trauma adicional. Outros tipos de lesões podem não ser tão fáceis de ser reparadas.
  • Fratura exposta - o osso quebrado perfura a pele.
  • Fratura impactada - uma ponta do osso fraturado é empurrada contra outra.
  • Fratura cominutiva - parte do osso se estilhaça em fragmentos.
  • Fratura parcial - o osso se dobra e racha, mas sem quebrar.
  • Fratura por avulsão - uma poderosa contração muscular separa o tendão do osso, forçando uma fratura.
  • Fratura patológica - ossos enfraquecidos por uma doença se quebram mesmo diante de impactos fracos.



     O processo de reparação dos ossos


É fácil pensar nos ossos como matéria sólida e morta, sobre a qual repousam tecidos vivos, mas o esqueleto é parte tão viva do organismo quanto os tecidos ou os órgãos. O corpo armazena minerais nos ossos compactos, produz glóbulos vermelhos na medula óssea vermelha e armazena gordura na medula óssea amarela.
É importante lembrar que os ossos estão constantemente mudando. Células conhecidas como osteoclastos constantemente dissolvem os ossos velhos, de modo que os osteoblastos possam substituí-los por novo tecido ósseo - um processo conhecido como remodelamento ósseo. Um outro tipo de célula, conhecido como condroblasto, forma novas cartilagens. Essas são as três células primordialmente responsáveis pelo crescimento dos ossos - e não só pelo crescimento ósseo que as pessoas experimentam no começo da vida. Esse constante remodelamento de ossos gradualmente substitui o tecido ósseo antigo por tecido novo, ao longo de meses.



           Os riscos para os ossos


Você corre o risco de quebrar um osso? A Academia Americana de Cirurgiões Ortopédicos relata que homens com menos de 45 anos experimentam os maiores riscos de fratura, e que mulheres na menopausa e acima dos 45 anos sofrem o maior número de fraturas. O rádio, um osso do pulso, é o que mais costuma quebrar, pelo menos entre as pessoas com menos de 75 anos. Entre os idosos, fraturas de bacia são muito mais comuns.
Quase imediatamente depois da quebra, o corpo começa a tentar corrigir o problema. Os médicos costumam dividir o processo em quatro fases.
  1. Quando um osso se quebra, a fissura também rompe os vasos sangüíneos que percorrem todo o comprimento do osso. O sangue vaza dessas veias e rapidamente forma um coágulo chamado de hematoma no local da fratura. Isso ajuda a estabilizar o osso e a manter as duas partes alinhadas para a cura. O coágulo também interrompe o fluxo de sangue para extremidades partidas dos ossos. Sem receber sangue, essas células ósseas rapidamente morrem. Seguem-se inchaço e inflamação, devido ao trabalho das células que estão removendo tecidos mortos e danificados. Pequenos vasos sangüíneos se estendem até o hematoma sobre a fratura a fim de alimentar o processo de cura.

  1. Depois de diversos dias, o hematoma sobre a fratura se transforma em um tecido mais duro que forma o calo mole. Células conhecidas como fibroblastos começam a produzir fibras de colágeno, a mais importante proteína dos ossos e do tecido conectivo. Depois, os condroblastos começam a produzir um tipo de cartilagem conhecida como fibrocartilagem, que transforma o calo em um calo fibrocartilaginoso, mais duro. Esse novo calo preenche o espaço entre as partes fraturadas do osso, e dura aproximadamente três semanas.


  1. Em seguida, os osteoblastos começam a produzir células ósseas, formando o calo ósseo. Essa cobertura rígida dura de três a quatro meses e oferece a proteção e a estabilidade necessárias para que o osso entre em seu estágio final de cura.



  1. A essa altura, o corpo estabeleceu a posição do osso dentro dos músculos, começou a reabsorver porções mortas de osso e criou um calo duro para ocupar o espaço entre as duas porções do osso fraturado. Mas esse tecido ainda precisa de muito trabalho antes que o osso possa absorver a carga costumeira de peso. Osteoclastos e osteoblastos passam meses remodelando o osso e substituindo o calo ósseo por matéria óssea compacta, de maior dureza. Essas células também reduzem o volume do calo ósseo e devolvem o osso ao seu formato original. A circulação sangüínea no osso melhora e o influxo de nutrientes que ajudam a reforçar os ossos, como ocálcio e o fósforo, dão maior resistência ao osso.
Mas mesmo no mais simples dos casos, as fraturas requerem atenção médica para que a cura seja a mais segura possível.

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